O que vejo pelo mundo

Minha idéia sobre este espaço é escrever sobre minha visão, meu entendimento a respeito das coisas que estão aí pelo mundo. Será um belo exercício de organização, pois sempre acabo esquecendo de registrar alguma coisa interessante que me valeu uma reflexão. Espero que compartilhem comigo dos escritos que nascerão aqui: concordem, discordem, reflitam, reconsiderem ... só espero que não ignorem por completo!

quinta-feira, fevereiro 22, 2007

Sobre balas de açúcar e a vida

Quando ainda era pequena, Catarine tinha um programa perfeito para as tardes mais frias. Bastava sua mãe sair. Ela e seu irmão corriam para a cozinha e preparavam deliciosas balas de açúcar. Eles sabiam que a consequência disso era, quase sempre, os dedos das mãos queimados; além disso era bastante provável que ganhassem o desagrado da mãe, caso ela descobrisse as aventuras gastronômicas dos dois.
Passou a mão em seu ventre e pensou: "será que você também aproveitará as minhas saídas para fazer coisas gostosas?" Sorriu. Estava serena, calma. Pelo menos agora. Já havia pensado muito sobre tudo o que aconteceu com ela nos últimos anos. Este fruto, a princípio, parecia lhe trazer tormentas - apenas. No entanto, começava a vê-lo com outros olhos.
Foi até a cozinha, pegou a panela pequena. Seu corpo estava ali, seu pensamento, não. Como havia conseguido transpor tantos momentos difíceis? As vezes precisava fingir. Fingir que não se importava, fingir que não era com ela, fingir que não estava sofrendo.
Pegou o pote de açúcar, destampou. Como poderia imaginar, naquele tempo do docinho de açúcar, que tudo aquilo aconteceria com sua mãe? Não poderia! Tão fascinante a mente humana. Indavassável. Era impossível entender como a mente dela deixou de ser sã.
Agora, chovia forte lá fora. Dia perfeito para relembrar seus doces.
Despejou quase todo o conteúdo do pote na panela, sem prestar muita atenção. Devolveu a parte que não era necessária. "Ah, ela não tem culpa de ter ficado assim. Mas tem culpa por não querer mudar a situação. Está nas mãos dela. Foi para isto que a levamos para aquele lugar. Mas agora ela volta, pior do que quando foi? Não tomou nem um comprimido?" Mas não sentiu raiva.
Acendeu o fogo. Pegou uma colher de pau. Passou a mexer o açúcar naquela minúscula panela. Levou novamente a mão à barriga. "Em breve não moraremos mais aqui". Não daria para aquele pequeno ser dividir o espaço com alguém que não quer abrir mão de seus espaços. Todo mundo quer ser feliz. Como responsável por
aquela vida ainda sem vontade própria, precisava buscar a felicidade para ele. Ele ainda não sabia, mas queira, desejava, ansiava ser feliz. E ela também. Por isso mudariam, em breve, para outro lugar.
Ainda divagando em seus pensamentos, mexia o açúcar na panela, que já havia mudado de cor. Agora estava da cor de caramelo. Sem perceber, acabou deixando que a panela extravasasse um pouco do seu conteúdo. Voltou a pisar no chão no momento que sentiu a mão queimar, como na infância. Lá fora ainda chovia, forte. Desligou o fogo e tomou a mesma providência que tomava em sua idade puerícia: pegou um copo com água gelada e mergulhou dentro os dedos machucados. Lembrou-se que, naquele tempo, costumava usar uma mão para saborear sua iguaria enquanto a outra, ainda ardida, ficava mergulhada no copo com água. O sabor do doce não era, nem de longe, diminuído pela dor que sentia.
"Apesar de tudo, bebê, vamos ser muito felizes ainda. Você vai ver." Seguiu até a janela, colher numa mão, copo com água gelada na outra. Queria apreciar o cair da chuva naquele fim de tarde.





Leia sobre o caramelo: http://pt.wikipedia.org/wiki/Caramelo

6 Comentários:

Às quinta-feira, fevereiro 22, 2007 , Blogger Vanessa Lee disse...

Oi oi!
Mto lindo seu post, seu blog e sua fotinha!!! Q bom que vc tem escrito!!!
Não sei se vc viu, mas linkei seu blog no meu.
Beijim

 
Às quinta-feira, fevereiro 22, 2007 , Blogger Jeffmanji disse...

Opa!

Olá, blogueira! Nuito obrigado pela comentário lá no blog. espero a sua visita lá de vez em quando.

Muito bom mesmo o seu post. Fui na hora ver o q a wikipédia fála do caramelo.

bjo, manina.

 
Às sexta-feira, fevereiro 23, 2007 , Blogger by aguia81 disse...

Oie! Achei bem bacana teu blog!
Além disso, meu blog tem uma linha parecida com alguns posts teus...
Não sou contista, mas pretendo um dia ser roteirista :-P
Podemos trocar idéias se for o caso, q achas?
Bjs
Alexandre

 
Às sexta-feira, fevereiro 23, 2007 , Blogger Guilherme Gomes Ferreira disse...

Oi menina! achei lindo o teu blog, muito divertido o tema geral dele rsrsrs q quanto ao post, confesso que não entendo muito bem a situação da menina, que ela estava gravida sim, mas não entendi o desfecho da sua mãe, nem o dela. Mesmo assim, muito legal o post!

Beijos menina!

 
Às sábado, fevereiro 24, 2007 , Blogger Guilherme Gomes Ferreira disse...

Anninha! eu tinha mesmo pensado que a mãe da Catarine sofria de problemas psiquiatricos mas não estava muito certo disto. Teu texto ta muuuuuuuuito legal!

bj bj!

 
Às sábado, fevereiro 24, 2007 , Blogger André Martins disse...

vc escreve muito bem, hehehehehehe
gostei do seu blog!
bjss

 

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